quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

The House of the Rising Sun

By www.guitarchordsmagic.com

There is a house in New Orleans
They call the Risin' Sun
And it's been the ruin of many a poor boy.
And God, I know I'm one.

My mother was a tailor.
She sewed my new blue jeans.
My father was a gamblin' man
Down in New Orleans.

Now, the only thing a gambler needs
Is a suitcase and a trunk
And the only time that he's satisfied
Is when he's all a-drunk.

Oh, Mother, tell your children
Not to do what I have done.
Spend your lives in sin and misery
In the house of the risin' sun.

Well, I've got one foot on the platform.
And the other's on the train.
I'm goin' back to New Orleans
To wear that ball and chain.

Well, there is a house in New Orleans
They call the Risin' Sun
And it's been the ruin of many a poor boy.
And God, I know I'm one.
(A Casa do Sol Nascente)

Há uma casa em Nova Orleans.
Eles a chamam de Casa do Sol Nascente
E tem sido a ruína de muitos pobres garotos
E, Deus, eu sei, eu sou um deles.

Minha mãe era costureira
Ela costurou meus novos jeans
Meu pai era um apostador
Em Nova Orleans.

A única coisa que um apostador precisa
É uma mala e um baú
E a única hora que ele se sente satisfeito
É quando está completamente bêbado

Oh mãe, diga a seus filhos
Para não fazerem o que eu fiz.
Desperdiçar suas vidas em pecados e miséria
Na Casa do Sol Nascente.

Com um pé na plataforma.
E o outro no trem.
Estou voltando para Nova Orleans
Para vestir aquela bola e corrente.

Há uma casa em Nova Orleans.
Eles a chamam de Casa do Sol Nascente
E tem sido a ruína de muitos pobres garotos.
E, Deus, eu sei, eu sou um deles
________________________________________________

Esta é uma das mais enigmáticas e misteriosas canções de todos os tempos, sendo praticamente um hino à boemia mundial.

 “The House of The Rinsing Sun” é provavelmente uma das músicas mais re-gravadas da história, tendo sido executada em ritmos que vão do Blues ao Metal Extremo, passando pelas mais variadas formas de Rock, Country, POP e até algumas aventuras calientes com climas latinos.

Não se sabe quando foi composta, nem por quem. Especula-se que tenha sido composta no século XIX, em algum lugar na Louisiana – EUA. Mas a versão mais popular de todas é sem dúvida a gravada pela banda The Animals, em 1964, ao ponto que muitas pessoas pensem ser desta banda a autoria da canção, desconhecendo muitas vezes as dezenas de outras versões existentes.

Trata-se do lamento Folk de um jovem, a respeito de uma casa em New Orleans, chamada de “Casa do Sol Nascente”, onde muitos homens teriam se arruinado em pecado e miséria. A teoria mais amplamente aceita é a de que se trataria esta casa de um cassino que tinha em seu andar de cima um prostíbulo, onde homens descuidados deixavam todo seu dinheiro e se perdiam de suas famílias.

Há quem diga que a referida casa era na verdade um local onde pessoas gananciosas e sedentas por sucesso, dinheiro e poder iam buscar a proteção de feiticeiros de má índole, que praticavam lá rituais mágicos obscuros para tal fim, e por isso acabavam por manter pessoas presas a eles para sempre.

Essa teoria estranha se sustenta no forte misticismo que paira nos ares daquele local, conhecido como um dos maiores centros de adeptos do Vodu e outras religiões de matriz africana, no mundo.

Seja como for, tenha existido ou não a “Casa do Sol Nascente”, ela serviu de inspiração para uma das mais belas músicas que já ouvi, em que não importa a versão em que foi gravada, a emoção pesada e melancólica sempre transparece aos nossos ouvidos.

Principais Versões (clique para ver no You Tube):

The Animals (Legendado PT-BR)
Tom Clarence Ashley & Gwen Foster (versão mais antiga que se conhece, de 1933)
Henri Mancini (Aquele mesmo que compôs o tema da Pantera Cor de Rosa)
Bachman-Turner Overdrive – BTO

Mundo Prog / Storm Thorgerson e a Hipgnosis


[Postagem originalmente publicada em 22/07/2011, de autoria de Edu Verme]

Pense num ilustrador que tenha trabalhado com muitas bandas de rock, criado conceitos que entraram para a história do estilo musical, junto com as próprias músicas. Um ilustrador que consegue associar a imagem que se vê na capa do disco com o seu conteúdo. Alguém com o suficiente de genialidade para deixar sua marca em cada traço, em cada cor. Não, não iremos falar novamente de Roger Dean, sobre o qual já tratamos aqui (http://vomitandolagrimas.blogspot.com/2011/05/mundo-prog.html) e aqui (http://vomitandolagrimas.blogspot.com/2011/06/mundo-prog.html). Estamos falando de outro cara, hoje já senhor, chamado...

Storm Thorgerson
Storm é um designer gráfico nascido em 1944, e já trabalhou com dezenas de bandas, entre elas GenesisDream TheaterLed ZeppelinThe Mars VoltaMegadethMusePink Floyd, entre dezenas de outras. Fundador e peça chave do grupo de design Hipgnosis, Storm trabalha muito com o surrealismo, talvez o fator chave para o profundo relacionamento que suas capas mantêm com a sonoridade de cada banda.

É difícil dizer exatamente qual a capa mais famosa produzida pela Hipgnosis. Muitos apontam para a capa do álbum "The Dark Side Of The Moon", do Pink Floyd, tida como uma das mais geniais da história do prog rock. Mas na verdade as capas são muitas (eles foram responsáveis por quase todas as capas do Pink Floyd), e quase sempre geniais.

Como de praxe, traduzo alguns trechos interessantes de uma entrevista realizada com Storm Thorgerson em 1997 pelo site www.floydianslip.com. Deixo claro que os direitos sobre esta entrevista pertencem única e exclusivamente a eles, servindo a tradução apenas como forma de dispor um pouco de cultura aos frequentadores do blog.

____________________

Floydian Slip (FS): - Como você começou a trabalhar com o Pink Floyd?

Storm Thorgerson (ST): - Nós nos conhecemos em Cambridge, estudávamos no mesmo colégio. Roger Waters estava um ano adiantado em relação a mim, e Syd Barret um ano atrás. E David Gilmour vinha de uma escola vizinha, e de fato havia muita rivalidade entre as escolas. Éramos parte do mesmo grupo de jovens, mas não tínhamos muito em comum. Por isso nos afastamos durante uns três ou quatro anos, e nesse meio tempo eles entraram para a faculdade de Arquitetura e formaram uma banda. Syd se juntou a eles e formou-se então o "The Pink Floyd". Gravaram o primeiro álbum, o "Piper", com o qual não tenho nenhuma ligação. Fui inicialmente chamado para ajudar a "interceder", digamos assim, para tentar lidar com a situação de Syd, quando ele estava fora de órbita e tocando sons completamente diferentes da música, literalmente e metaforicamente. E os outros da banda se encontravam numa situação embaraçosa, não sabendo se conviviam com aquilo ou se desistiam. Pediram-me alguns conselhos sobre isso, mas eu não sabia o que dizer - ou talvez soubesse, mas não seria nada muito inteligente. Já é difícil lidar com nossos próprios problemas, imagina com os problemas dos outros. Mas me voluntariei para fazer a capa do segundo álbum, "A Saucerful of Secrets", quando um amigo em comum que havia sido previamente solicitado rejeitou a proposta.

FS: - Você tinha idéia de que estava entrando no que viria a se tornar uma parceria de 30 anos?

ST: - (Risos) Deus, não! Se eu soubesse!!! Não acho que alguém pense nesse tipo de coisa quando tudo está acontecendo. É o equivalente, profissionalmente, a um casamento.
FS: - Em seu livro "Mind Over Matter: The Images of Pink Floyd" você fala sobre Syd e os primeiros dias do Pink Floyd. Você diz: "Uma das coisas mais extraordinárias sobre Syd é que ele não era nada extraordinário. Pelo menos não para nós naquele momento". O que você quis dizer com isso?

ST: - Bem, você sabe, se você estiver na multidão - correndo com um grupo, certo? - então você está naquele grupo mas não pensa como eles, correto? Eles apenas estão no grupo. Eles são parte do grande grupo. Eles são parte de um grupo de amigos.

FS: - Quando você viu Syd pela última vez?

ST: - Não vejo Syd há muitos anos. Eu acho que desde 1975. Foi quando fez sua infame visita ao Abbey Road enquanto estava sendo gravado os backing vocals de "Shine On You Crazy Diamond". Por acaso eu estava lá. Eu não precisava ir muito ao estúdio, não era necessário. Mas aconteceu de eu estar lá quando o Syd apareceu, e aquele foi um momento de cortar o coração. Muito triste, eu diria.

FS: - Essa foi a última vez que alguém na banda viu ele, certo?

ST: - Não sei ao certo. Acho que provavelmente sim, pois ele não estava muito bem na época, e ele certamente não está bem agora.

FS: - Você sabe onde ele está hoje em dia?

ST: - Sim, ele está recluso, fazem 20 anos. Ele não está bem emocionalmente, nem mesmo fisicamente.

FS: - Este não foi o único livro que você escreveu. Tem também um livro de 1978 chamado "The Work of Hipgnosis"...

ST: - "Walk Away Rene". Eu também meio que escrevi esse. Não sei se escrever é a palavra correta. É também algo como uma conversação. Nós falamos sobre todo o trabalho que fizemos para todos os tipos de bandas, incluindo o Floyd, mas muitos outros.

FS: - Onde você incluiu também algumas fotos do seu primeiro estúdio.

ST: - Oh, aquele monte de merda.

FS: - Considerando as capas clássicas que vocês produziram, ele parecia bastante básico.

ST: - Básico?! Básico?! (risos) Você está sendo gentil. O local caia aos pedaços, era imundo, e ficou assim por anos e anos. Nós particularmente éramos muito organizados, mas ali a única parte da arrumação que nos interessava era a dos trabalhos artísticos. As obras eram muito sujas também, mas as partes finais que apareciam para o público eram as partes da obra em que estávamos realmente interessados.

FS: - Isso certamente não o impedia de criar dezenas de capas.

ST: - Não, éramos apenas interessados em projetar e pensar idéias, fazendo capas, filmes, livros. Não dávamos muita atenção para o local. Era um lugar horrível. Tem pessoas que acreditam que uma mente arrumada é refletida em um escritório arrumado. Você conhece a cabeça de uma dama pela bolsa que ela usa? Pelos seus sapatos?

FS: - Você também fala neste livro sobre a sua técnica. Você fala um monte sobre cortar e colar, branquear, algumas técnicas mecânicas até. Eu imagino que hoje você use computadores.

ST: - Sim. Não usamos computadores - eu não uso muito. Eu os utilizo para retoques. Isso é uma coisa fenomenal que os computadores podem fazer, que é transferir o que basicamente é um item fotográfico para um item digital, sem que perca muito de sua qualidade. É extraordinário. Sempre fico impressionado com isto. E você pode copiá-lo muitas vezes, sem perda de qualidade. Em termos de retoque, pelo menos pra mim, e certamente pra alguns retocadores que conheço, é como uma dádiva de Deus.

FS: - Se eu não soubesse a verdade, diria que muitas de suas capas foram criadas por computador. "A Momentary Lapse of Reason", por exemplo. Acho mais fácil imaginar que foi uma criação digital do que imaginar alguém arrastando 100 camas para uma praia, que foi o que você fez.

ST: - Sim, foi o que nós fizemos. E nós tivemos que arrastá-las todas de volta por causa do maldito tempo inglês. Choveu. E foi uma longa viagem até lá, saindo de Londres levamos umas três ou quatro horas. Esperamos até alguma previsão de tempo bom para ir. E mesmo com a previsão, tudo deu errado. Assim, depois de colocarmos todas as 700 camas - lembrando que eram camas de ferro forjado, não eram camas leves, eram realmente pesadas -, todas individualmente organizadas, cuidadosamente espaçadas, choveu. Pelo amor de Cristo. E quando chovia era uma espécie de garoa cinzenta através da qual não se enxergava nada. Você não podia realmente ver que tinha um monte de camas lá.

FS: - Você ouve o álbum antes de projetar a capa, certo?

ST: - (Risos) Sim, claro que escuto! Ouvimos muito. Também lemos as letras. E também falamos com a banda. Depende da banda, realmente. Obviamente, no caso do Floyd, com o tempo um certo grau de comunicação é estabelecido. No entanto a comunicação pode falhar, caso do "The Division Bell". Ironicamente, pois um dos temas do álbum era a comunicação, ou a falta dela, e caminhamos para participar ativamente da questão no ato de fazer a capa, pois acreditávamos que tínhamos feito um grande trabalho, que foi o que usamos no fim, mas David Gilmour não gostou muito. Então, durante umas três ou quatro semanas ele ficou meio contrariado. E isto depois de muitos anos trabalhando juntos. De qualquer forma nós pegamos um fio condutor, a princípio a música, e normalmente ainda em forma de demos. E lá estão as letras, que são razoavelmente precisas. Mais tarde ocorreriam algumas mudanças, pois o vocalista precisa dar novas palavras de inflexão ou mudança quando ele realmente as canta. E lá estão qualquer coisa que a banda nos diga, ou o título, ou qualquer coisa que eles desejam transmitir. Então, sim, tudo isso é levado em conta. E a música normalmente é posta mais como um plano de fundo na coisa.

FS: - Recentemente você esteve fazendo algumas reedições e outros enfeites. Não acha estranho voltar a um álbum que você já terminou?

ST: - É estranho? (Pausa) Bem, sim e não. Acho que escrevi sobre como, quando os CD's eram adaptados do vinil, havia muitas reembalagens feitas pelas gravadoras, que sem cerimônia simplesmente comprimiam o design do vinil nos CD's - em livrinhos que tendem a fazer uma bagunça. Isso ocorreu no Pink Floyd quando eles estavam em estado de trauma, com Roger e Dave em pé de guerra. Então o que aconteceu foi que de repente, sem que tivéssemos percebido, os CD's apareceram de maneira bastante desleixadas nas lojas, por causa das gravadoras. A embalagem não foi devidamente adaptada. ´

(Para ler a entrevista completa, em inglês, acesse: http://www.floydianslip.com/pink-floyd/interviews/storm-thorgerson.php)

Algumas capas criadas pelo grupo Hipgnosis:


























Veja lista completa aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Hipgnosis

Seção 80 na Vitrola / Tears For Fears - Songs From The Big Chair


Em 1985 o synthpop começava a se transformar, deixando um pouco o antigo minimalismo de lado para incorporar sonoridades mais distintas, mais populares e mesmo mais rocks. Talvez tenha sido o um dos últimos grandes anos da música pop em seu estado bruto, quando as grandes obras que foram usadas de espelho nos anos que se seguiram foram criadas. Hoje nosso blog traz pra vocês um pouco da história de um dos maiores álbuns da indústria fonográfica, um dos mais vendidos e mais bem produzidos de que se tem notícia: Songs From The Big Chair, da dupla Tears For Fears.


A banda


Tears For Fears (ou como era conhecido na época no Brasil, "Tias Fofinhas", apelido este negligenciado pela própria banda - e com razão) se formou no início dos anos 80 como um duo, interessados no minimalismo do synthpop e por psicologia (a influência da Teoria do Grito Primal, do psicanalista Arthur Janov foi muito grande sobre a banda, inclusive para a escolha do nome do grupo, que significa "Medos por Lágrimas", ou a troca do medo por lágrimas, e está explícito nas letras neuróticas do duo). A banda, formada principalmente por Curt Smith (na capa, à direita) e Roland Orzabal (obviamente à esquerda), ainda trazia em seu line-up o baterista Manny Elias e o tecladista Ian Stanley.


O começo e o primeiro sucesso


Em 1983 é lançado o primeiro disco da banda, "The Hurting", que trazia um synthpop em estado puro, calcado na sonoridade alcançada por Gary NumanFad Gadget e - talvez a maior influência de todas as bandas synth da época - Donna Summer (na música "I Feel Love" de 1977). Segundo a Wikipédia, as grandes influências da banda surgiram dos discos dos Talking HeadsPeter Gabriel e Brian Eno. Após dois singles que não emplacaram ("Suffer The Children" e "Pale Shelter"), em novembro de 1982 é lançado "Mad World", e a banda decola. Em março de 1983 sai o primeiro álbum, atingindo o primeiro lugar nos charts ingleses, onde ganharam disco de platina, e ficando em 73º nos EUA, onde ganharam um disco de ouro. O disco também é classificado dentro da new wave e da dark wave, visto as letras sombrias e a sonoridade densa. Mas o verdadeiro sucesso viria dois anos depois.


Os Sons da Grande Cadeira


Em 1985 é lançado "Songs From The Big Chair", onde o lado psicológico emocional da dupla aflora de todas as formas, da capa simplória, ao nome do disco, às sonoridades e às letras. A dupla surrupiou a idéia do nome do disco de um filme chamado "Sybil", de 1976, que tratava de uma mulher com síndrome da dupla personalidade que só se sentia segura quando sentava na "grande cadeira" de seu analista. Foi uma loucura. O disco estourou no mundo todo, atingindo ótimas posições em várias partes do globo. No total foram 16 discos de platina (3 na Inglaterra, 7 no Canadá, 1 nos Países Baixos e 5 nos Estados Unidos) e um disco de ouro (na Alemanha). Só nos EUA foram mais de 5 milhões de cópias vendidas, o que lançou a banda para um estrelato talvez jamais imaginado pela dupla. E não era para menos. O disco desfilava sucessos, grandes canções, uma atrás da outra, que serão enumeradas e comentadas mais abaixo.


Entrevista


Contar a história da banda baseado no que se lê na internet é fácil, basta procurar um pouco e se encontra todas as palavras e fatos que foram escritos até agora. Sempre tenho esse pensamento quando escrevo meus textos, então, para não ser apenas uma compilação de informações já divulgadas, sempre procuro fazer a tradução de entrevistas ainda não traduzidas para nossa língua, como uma forma de expor idéias vindas dos próprios compositores, e para que eles mesmos contem uma parte de sua história. Não será diferente com os Tears. Com vocês, alguns trechos que selecionei de uma entrevista com Curt Smith para o blog Old School (
http://oldschool.tblog.com) neste ano.


Old School: - Como a banda foi formada em 1981? Como foi escolhido o nome da banda?
Curt Smith: - Roland e eu tocávamos juntos desde que tínhamos 13 anos. O nome foi inspirado em um livro chamado "Prisioneiros da Dor" (Prisoners Of Pain), de Arthur Janov.


OS: - O segundo álbum de vocês, "Songs From The Big Chair" estourou nos EUA e no mundo todo. Como foi perceber que vocês tinham realizado algo tão gigantesco?
CS: - Não me recordo de algum momento específico. Infelizmente, quando uma banda se torna famosa, a maioria do tempo é tomado excursionando, dando entrevistas e aparecendo na televisão ou no rádio. E entre estes momentos, as pessoas te cercam e te pressionam a produzir mais coisas, então não havia realmente um momento para sentar e aproveitar.

OS: - É verdade que a faixa "Everybody Wants To Rule The World" foi a última a ser gravada e adicionada ao álbum? Você esperava que ela se tornasse um dos seus maiores hits?
CS: - Foi a última canção adicionada ao SFTBC, e não tínhamos idéia de que seria um sucesso. Na verdade, nunca sabemos o que será um sucesso. Apenas registramos o que nos deixa bem.


OS: - Como ocorre o processo de composição do Tears For Fears? Como é decidido quem canta em cada música?
CS: - Normalmente é um processo orgânico. Certas canções atendem à minha voz, outras à do Roland. Nós naturalmente sabemos.


OS: - Qual sua canção favorita da banda?
CS: - "Sowing The Seeds Of Love" é provavelmente a música mais completa que fizemos, onde a composição e a produção trabalham muito bem juntas.


Os envolvidos


Roland Orzabal - Guitarrista, tecladista e vocalista



Curt Smith - Baixo e vocal


Manny Elias - Bateria (começou a carreira na banda Interview. Trabalho também com Peter Gabriel - vocalista do Genesis -, Peter Hammil - vocalista/tecladista do Van Der Graaf Generator - e Julian Lennon, filho de John Lennon).


Ian Stanley - Teclados (também produziu algumas bandas, como a alemã PropagandaThe Sisters Of Mercy e Human League. Também trabalhou com A-haThe PretendersNatalie Imbruglia, entre outros).


David Bascombe - engenheiro de som (trabalhou também com Depeche Mode em "Music For The Masses", ErasureThe Human LeagueSuede em "Coming Up", Placebo, entre outros).


Paul King - Manager (trabalhou com inúmeras bandas, entre elas Elton JohnGenesisHumble PieSex PistolsSadeDire StraitsThe PolicePaul McCartney, entre outros).

Chris Hughes - produtor (trabalhou com várias bandas, mas as que mais se destacaram foram os Tears e Peter Gabriel)

O Disco"Songs From The Big Chair" foi lançado em 25 de fevereiro de 1985, foi gravado entre 1983 e 1984, e possui 41min19seg que se dividem entre 8 faixas (ao menos na versão original). No seu lançamento houve uma série de reclamações devido ao número de faixas, relativamente escassas. Porém dificilmente alguma delas possui menos de 5 minutos. Em 1999 surge uma versão remasterizada, que adicionava 5 músicas novas e mais duas remixes. E por fim, em 2006, uma versão dupla de luxo é lançada, com 16 faixas de estúdio e mais 12 remixes e edições.


Faixa-a-faixa

1 - O LP abre com a clássica "Shout", cantada por Orzabal (parece haver uma diferenciação para os dois: Curt cantou as canções mais calmas e Roland as canções mais rock), que atingiu a posição #4 no Top 40 inglês e #1 na Billboard Hot 100, além de atingir o Top Ten em 25 outros países. Inquestionavelmente um dos maiores hinos do synth-rock (como alguns chamam o estilo da dupla a partir deste álbum), possui uma produção impecável, conta com uma percussão pesada, um solo de baixo e ainda backing vocals femininos.



"A canção foi escrita na minha sala, em frente a um pequeno sintetizador e uma bateria eletrônica. Inicialmente eu só tinha o refrão, repetitivo, uma espécie de mantra. Eu a enxergava como uma boa faixa, mas Stanley e Hughes (o produtor) estavam convencidos de que seria um sucesso no mundo todo." (Roland Orzabal)



"Isso é tão simples que devemos levar em torno de 5 minutos pra gravar." (Chris Hughes, antes das gravações de Shout)

Significados

"É um protesto político. Ela foi feita em 1984, quando muitas pessoas estavam preocupadas com as consequências da Guerra Fria, e foi basicamente um encorajamento para protestar." (Roland Orzabal)


"Trata-se de um protesto na medida em que incentiva as pessoas a não fazer as coisas sem questionar. As pessoas agem sem pensar, porque é assim que são as coisas na sociedade." (Curt Smith)

2 - Segue o disco com "The Working Hour", música pouco conhecida, porém mantendo o nível de qualidade da dupla. Uma introdução de sax, uma letra obscura que - a princípio - critica a sociedade consumista e as formas de trabalho escravista, onde somos pagos para cometer erros pelos outros, e uma ótima levada pop.



3 - "Everybody Wants To Rule The World". A última música a ser incluída no álbum, devido à falta de perspectivas sobre a mesma. Na banda, ninguém acreditava que ela pudesse de alguma forma se encaixar no álbum, trazendo a tona uma situação muito comum no meio musical, onde muitas vezes a música pela qual ninguém dá o menor valor acaba se tornando um dos maiores hits da banda. Com "Everybody..." não foi diferente. Pressionados pelo produtor Chris Hughes, os Tears cederam e gravaram esta faixa, após todas as outras faixas do álbum estarem prontas. A batida da música foi emprestada da canção "Waterfront", do Simple Minds, que gravava seu álbum no estúdio ao lado. O vocal solo é do baixista Curt Smith.

"O conceito é muito sério. É sobre todo mundo buscando o poder, sobre a guerra e
a miséria que a mesma causa." (Curt Smith)

A execução da música foi proibida na China, em função do significado do título e das letras.


4 - O lado A do LP encerra com "Mothers Talk", primeiro single do álbum, lançado em 06 de agosto de 1984. As cordas do início da canção foram tirados de uma música de Barry Manilow. Como mera curiosidade, esse single foi o último da Mercury Records que utilizaria discos coloridos e imagens gravas no vinil. Talvez a música que mais tenha relação com o primeiro álbum da dupla. Synth vigoroso, com um refrão que gruda na cabeça.


"Este foi um teste para o 'Songs From The Big Chair', nosso segundo álbum, onde
tentamos nos tornar mais comerciais. Eu era contra, mas acabei influenciado por
pessoas com quem eu trabalhava. Eles queriam usar todas as armas, e eu não
estava preparado pra isso. Foi a partir deste ponto, porém, que as coisas
começaram realmente a explodir. A música deriva de duas idéias. Uma delas é
sobre algo que as mães dizem aos filhos quando os mesmos ficam fazendo caretas.
Elas dizem que o rosto deles ficarão paralisados quando o vento soprar. A outra
idéia deriva de um livro em quadrinhos com motivos anti-nucleares criado por
Raymond Briggs, chamado 'When The Wind Blows'." (Roland Orzabal)


5 - A música "I Believe" abre o lado B do disco, sendo a primeira música onde a produção é creditada apenas à banda. Foi escrita por Roland Orzabal que tinha planejado a princípio oferecê-la ao músico britânico Robert Wyatt, mas depois de algumas discussões foi decidido que o Tears iria gravá-la em seu álbum. Ainda assim muitas pessoas confundem a música, achando que se trata realmente de Wyatt, devido à forma como a mesma é cantada.


6 - "Broken". Uma das favoritas dos fãs mais xiitas do Tears. A combinação de sintetizadores e guitarras saturadas dão a impressão da música estar correndo para frente, e tem-se a impressão, quando o vocal entra, após 1min43seg, de que a música possui vida própria.


7 - Minha favorita. "Head Over Heels" havia sido desenvolvida quase dois anos antes do álbum, e seria interligada com a canção "Broken", pois as duas possuem os mesmos motivos de piano/sintetizador. Apesar de separada, nos shows ao vivo, os Tears costumam costurar as duas em uma só, como a priori deveria ter sido. Uma versão do LP, lançado pela Vertigo, traz uma alteração interessante, talvez nunca pensado antes por alguma banda de rock progressivo, estilo que costuma usar essa técnica de costurar músicas: a sequência na versão da Vertigo começa com "Broken", passa por "Head Over Heels" e acaba numa versão ao vivo de "Broken".

"É basicamente uma canção de amor e uma das faixas mais simples que o Tears For
Fears
 já gravou. É uma canção de amor que se torna perversa no final." (Roland
Orzabal)

"Head Over Heels" foi apresentada com destaque no clássico cult "Donnie Darko". Segundo o diretor Richard Kelly, a cena em que a canção foi usada foi escrita e coreografada já com a música em mente.


8 - "Listen" encerra o LP se afundando na tristeza. Uma das mais belas canções do álbum.


No geral, "Songs From The Big Chair" foi o 'canto do cisne' do bom relacionamento entre Roland e Curt. Após ele, percebe-se um certo ciúmes por parte de Roland no seu envolvimento com o restante da banda. Mesmo assim, isso não foi motivo para a realização do próximo álbum, quase tão bom quanto o "Songs...": "The Seeds Of Love", de 1989. Mas essa é outra história...


Pérolas perdidas do cancioneiro nacional / O Peso - Lúcifer

[Postagem originalmente publicada em 13/06/2011, de autoria de Edu Verme]





Em 1974 a cena musical rock brasileira se dividia em muitas vertentes, se apoiando em bandas que, durante os anos 60, tocavam o rock que vinha de fora, mas que na década seguinte encontrariam seus caminhos e sonoridades próprias, juntamente com novas bandas que procuravam novos caminhos. Algumas delas seguindo a escola do Yes e Genesis, nomes muito populares à época, e outras seguindo caminhos mais pesados, os discípulos de Iommi. O Peso foi uma banda um pouco cearense e bastante carioca que escolheu seguir o segundo caminho. Suas composições exalavam fúria cega, mesmo em temas românticos como "Sou louco por você" e "Boca louca". Luiz Carlos Porto já apresentava sintomas da doença que viria a o tirar dos palcos em breve: a esquizofrenia (ou ao menos sua postura no palco exalava esquizofrenismo). E é impressionante o poder que sua voz alcança, a maneira de jogar com as palavras e de cantá-las de maneira torta, cruel e ameaçadora. Certamente uma das melhores gargantas do nosso rock and roll nacional, uma maneira atípica de cantar, com muita personalidade (coisa difícil em terras tupiniquins). Não me envergonharia nem mesmo de colocar Porto entre os grandes vocalistas do rock mundial! Ele não só usava sua voz: ele entregava sua mente e seu corpo, seja em gravação de estúdio, seja ao vivo (as imagens d'O Peso no Hollywood Rock estão aí pra mostrar a energia do cara no palco).


O som do Peso era, como seu nome já denunciava, pesado. Inclusive as letras. Nada escapava à metralhadora sonora d'O Peso: sexo ("Boca louca", "Sou louco por você"), drogas ("O Pente", "Eu não sei de nada", "Cabeça feita"), rock'n'roll ("Blues") e... o cramulhão ("Lúcifer")!!!


"Lúcifer" é nossa pérola do cancioneiro nacional da vez.

Lúcifer
http://www.youtube.com/watch?v=I5yYr3IbqLA

Lúcifer é mais uma das composições nacionais a tratar do tema "satanismo". A letra é um misto de "Sympathy for the devil" dos Stones, com "Black sabbath", do Sabbath. O som é um rock encorpado, pesado, Gabriel O'Meara presenteia a composição com um riff principal típico do rock'n'roll, meio abluesado. O piano muito bem colocado acompanha a música toda nas mãos de Constant Papineau. O baixo de Carlos Scart fecha a cozinha ao lado do baterista Carlos Graça, que não deixam o pique cair. O vocal é alucinado, Porto parece querer ferir os ouvintes com seu vocal rasgado e fora de sí. E a letra... bom, a letra é um show à parte. Assim como em 'Sympathy...', quem assina a mensagem é o coisa-ruim em pessoa:
"Pode deixar comigo que eu me encarrego da tua felicidade/
Eu vou tirar tuas mágoas, em troca quero tua alma."
Ou ainda:
"A vida é curta, mas curta é pra curtir/
Você irá longe, mas longe perto de mim/
Pode deixar comigo que eu tomo conta de todos meus amigos."
No final, a conclusão é inevitável:

"Lúcifer reina no mundo/
Lúcifer reina no fundo/
Do coração de todos vocês."


Infelizmente a banda não durou. Realizaram shows memoráveis, agregaram uma legião de fãs, mas problemas internos levaram à banda ao colapso. E nada mais de inédito surgiu. Carlos Porto lançou um álbum solo em 1983, mas totalmente inexpressivo. Após isso afundou ainda mais na sua doença, e inclusive dizem que atualmente nem ao menos lembra que participou da banda, apesar de sua voz continuar cada vez melhor.


Mundo Prog / Roger Dean - Parte 2

[Postagem originalmente publicada em 08/06/2011, de autoria de Edu Verme]



Dando continuidade à matéria sobre Roger Dean, iniciada no dia 27 de maio.

Em 1985, Roger Dean começou a trabalhar com algo que é o sonho de muita gente: videogames. Na época, o grande console ainda era o Atari, enquanto o Nintendinho estava sendo lançado na América do Norte trazendo "Super Mario Bros" e a Sega lançava seu Master System no Japão. Entra 1986 e 2007, Dean trabalhou na elaboração de 14 capas de jogos. Aqui temos algumas delas:

Em 1986, Brataccas:



Em 1987, Barbarian:


Ainda em 1987, Terrorpods:


Em 1988, Chrono Quest:


Também Obliterator:


Em 1989, o clássico Shadow Of The Beast:


E ainda Stryx:


Em 1990, Infestation:


Em 1992, Agony:


E por fim, em 2007, criou a capa de Tetris Splash:





Dean segue trabalhando desenvolvendo essas capas, além de ter planos para o lançamento de novos livros com compilações de suas obras e seguir trabalhando com o Yes, inclusive desenvolveu o palco da turnê comemorativa de 35 anos da banda, isso já nos idos 2004.

Abaixo, transcrevo os trechos mais interessantes de uma entrevista cedida por Roger Dean para Mike Tiano, do site "
Notes From The Edge", onde se analisa alguns detalhes das capas pintadas por Dean para a banda Yes.


Mike Tiano: - Seu livro "Dragon's Dream" de 2008 contém algumas pinturas inéditas de seu trabalho clássico com o Yes?

Roger Dean: - Sim, sim, há uma pintura do Relayer lá que ainda não tinha sido vista antes. Eu iria colocar mais coisas do Relayer, mas não coloquei. Há um bocado de coisas do Relayer que nunca foram vistas - a maioria desenhos e outras idéias.

MT: - Além deste livro, o "The Album Cover Album" (livro do qual Dean participou, que reúne as capas de uma variedade de discos que vão dos anos 50 até os anos 70) também foi atualizado. Nesta época de downloads e músicas para se ouvir no computador as obras de arte já não fazem mais parte do pacote total. Eu estava curioso pra saber qual foi a intenção deste livro. Capturar uma arte perdida?

RD: - Sim, eu acho que de certa forma é uma arte perdida. Não realmente uma ARTE perdida, mas uma escala perdida, um impacto perdido. A capa do CD não é a mesma coisa, não é?

MT: - Não, não é, e agora vemos o CD tomando o mesmo caminho - como eu disse, você pode baixar músicas direto para o seu computador. E geralmente, eu acho que provavelmente não há arte associada a elas.

RD: - Bom, o que eu acho que foi a tragédia e a estupidez é que quando a balança foi de 5x5 para 12x12, as gravadoras, ao invés de pensar que tinham de trabalhar duro para obter o valor merecido, fizeram o contrário. Quando a Atlantic lançou Close To The Edge (do Yes), durante dez anos o disco foi vendido sem a arte gráfica. E a mensagem que eles passaram ao público assim é que aquilo era um pedaço de lixo, que não ligam para aquilo, que o desrespeitam, basicamente. Eu acho isso uma tragédia, uma vergonha.

MT: - Sim, você tem razão. Por algum motivo, quando foram lançados pela primeira vez todos os discos do Yes dos ano 70, eles fizeram isto no saldão, então você tinha apenas a pintura externa...

RD: - Sim, o interior impresso em preto e branco, sem as imagens.

MT: - Ou mesmo sem letras. Sem a embalagem original real, que de alguma forma foi retificada posteriormente, foi, provavelmente, para eles, uma jogada esperta para criar mais receita.

RD: - Bem, eu não acho que tenha criado mais receita. Você está falando de frações de centavos para imprimir o interior em cores. Era na verdade apenas uma medíocre maneira brega de pensar, e isso explica por que as pessoas compravam as importações japonesas, pois elas eram muito mais caprichadas. Já disse isso uma dúzia de vezes, os japoneses possuem uma atitude que é muito mais do que honrar a música, honrar o cliente. Eles a tratam como um dom. A música é um presente em todos os sentidos, assim como a arte. É um dom, e deve ser tratada como um dom. Ela deve ser cuidadosamente acondicionada, embalada e apresentada. A forma como estão fazendo isso fora do Japão não é um dom. É uma ferramenta e um utilitário bonito. É como dar a alguém um vale-livro. Não é a mesma coisa do que dar um livro.

MT: - Eu tenho algumas perguntas sobre o Yes. A capa frontal do que é provavelmente a obra-prima do Yes, Close To The Edge, é em retrospecto, provavelmente uma de suas capas mais incomuns, pois não possui nada. Não há objetos, não há números, não existem paisagens. Como você desenvolveu o conceito?

RD: - A idéia inicial era de dois ou três elementos juntos. Primeiro de tudo, lá estava o novo logotipo, e outra coisa que queríamos fazer era desenvolver uma idéia que nós tentamos sem sucesso em Fragile: fazer parecer não como um velho livro, mas com um documento. Era um disco; nós não estávamos tentando fazê-lo parecer com um livro, mas queríamos algo como aqueles relevos em ouro, então a idéia original era fazer algumas inscrições e ter ouro em relevo. Naturalmente, é claro que nunca aconteceu, o que foi uma pena, pois teria sido ótimo, e então, quando você o abria, lá dentro estaria a imagem, e isto também aproximaria as pessoas, pois a pintura realmente faria você olhar para muito mais. É necessária uma análise mais aprofundada do que das outras que eu havia feito até então, que eram muito mais suaves em seu impacto.

MT: - A pintura interna chegou a ser considerada como capa frontal?

RD: - Não no sentido de ser usada como capa, mas ela é uma espécie de símbolo, o ícone que representa a proximidade com a borda ("Close To The Edge").

MT: - Sobre a pintura de Tales From Topographic Oceans, que provavelmente é uma de suas mais icônicas. Uma coisa que notei nas reproduções da capa e que foi perdida da capa original foi uma espécie de esteira onde os peixes estavam. Você podia ver o caminho que eles fizeram, e agora está faltando. Fiquei me perguntando que história está por trás disto.

(Nota: 
esta é a pintura com a "esteira" e esta é a pintura sem a "esteira")

RD: - Bem, eu nunca gostei daquilo (risos), e não era parte da pintura. Foi acrescentado após a pintura. Em muitos dos meus quadros eu tive que fazer uma pequena nota, um mini-ensaio em meu livro, para dizer que ao longo dos anos os títulos das pinturas mudaram. Tem havido uma série de pinturas que eu tenho chamado de algo por um tempo, então penso que o título não se encaixa, mudo, e mudo de novo. E um monte de pinturas mudaram também. Elas saem de uma forma, e eu as mudo, tiro algo, coloco algo, então enquanto elas estão em meu estúdio, seus nomes evoluem, as pinturas evoluem, e isso aconteceu com muitos trabalhos meus, mais da metade, eu acho.

MT: - Então você realmente pegou novamente a pintura e pintou a esteira?

RD: - Não, eu nunca pintei sobre o desenho.

MT: - Ah, então como foi acrescentado?

RD: - Eu pintei em um pedaço de celulose clara, nós fotografamos na posição, e fotografamos sem ele. Preferi sem ele, então quando ela foi usada como um cartaz e tudo, foi sem ele.

MT: - É uma técnica que utiliza com frequência?

RD: - Não, não. Eu e Jon (Anderson, vocalista do Yes) discutimos essa idéia. Jon estava mais convencido de que isso funcionaria do que eu, então tentei, mas não funcionou, então removi.

MT: - Esta é uma visão muito legal sobre a forma como você trabalha. Durante os anos 70 você teve esse grande envolvimento com o Yes, e criou muitos trabalhos com eles até Going For The One, quando ocorreu a ruptura. Existe alguma pintura inédita do Going feita por você?

RD: - Não. Eu saí de Montreux, onde eles estavam gravando, e... eu não sei se eles tinham o título "Going For The One" enquanto eu não estava lá, eles podem ter feito... mas eu acho que o que aconteceu foi que quando eu não estava lá, Jon estava fazendo uma pintura que ele queria que eu incorporasse na capa, e eu achei que não funcionaria (risos). Algumas vezes Jon tinha essas conversas comigo, geralmente e felizmente ele sempre gosta que eu faça a pintura, mas às vezes ele tem algumas idéias. Quando isso acontece, nós podemos falar sobre isso, mas quando ele estava fazendo a pintura, parecia não haver muito espaço para discussão.

MT: - Sabia-se que o relacionamento seria rompido naquele ponto, ou ocorreram outras conversas sobre os motivos pelos quais o seu trabalho não seria usado para o Going For The One?

RD: - Eu já sabia. E às vezes, você sabe... você precisa de uma pausa.

MT: - O que você acha das capas de Going For The One e Tormato?

RD: - Bom, antes de tudo, em geral, eu acho Storm Thorgerson (da Hipgnosis, que desenhou a capa para os dois álbuns) um brilhante designer, ele é um bom amigo também. Se acho que é seu melhor trabalho? Não (risos). E eu acho que a figura em primeiro plano de GFTO era um problema para todos os interessados.

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Todo o conteúdo desta entrevista pertence à Mike Tiano.
Todas as imagens pertencem à Roger Dean.
Copyright © 2008